Quando explicamos sobre as formas da prata, falamos brevemente da prata encapsulada, como forma de melhorar a absorção pelo sistema digestivo. Além disso, a encapsulação traz benefícios na produção dos coloides de prata, mantendo as nanopartículas menores e mais uniformes, e o coloide mais estável no tempo. Neste artigo explicaremos que existe mais um benefício da encapsulação.
Os mecanismos envolvendo a prata dentro do corpo humano, ou seja, o metabolismo da prata, ainda é pouco pesquisado e entendido. Não se sabe, pro exemplo, porque em alguns casos, a maior parte da prata ingerida é , e em outros casos viaje pelo corpo e se acumula nos órgãos e nos tecidos moles. Uma razão para isso é a dificuldade de fazer estudos em humanos, pelo custo e o prazo, e a falta de interesse das grandes empresas farmacêuticas. Uma coisa que se sabe, é que a prata reage com os ácidos do estômago e com os sais, glicose e proteínas presentes no intestino e no sangue. Por muito tempo, a teoria simplificada dizia que a prata (iônica ou nano prata), uma vez ingerida, seria convertida em sais de prata insolúveis, e sem uso bioativo (ou antibiótico). De outro lado, existe um conhecimento sobre a encapsulação dos íons de prata em proteínas presentes na saliva, que ajudam na absorção na mucosa bocal e intestinal, um mecanismo que existe para transportar minerais presentes na nossa comida para as células.
Um estudo Indiano, publicado em 2013, preocupou-se com a eficácia da nano prata como bactericida na presença de sangue. Para simular isso, foram feitos varias preparações das bactérias Salmonela e Estafilococo em dois tipos de substrato com base em agar: sóro plasmático (humano e de ratos), e BSA (Bovine Serum Albumin). Nanopartículas de prata com tamanho médio de 60nm a 100nm foram adicionados em concentrações de 10 ppm (10µg/ml), incubados na temperatura de 37°C. Três tipos de nanopartículas de prata foram usados: sem encapsular, encapsulado em citrato, e encapsulado em PVP (um polímero).
Os resultados foram surpreendentes: A boa noticia é que a nano prata, em comparação com o controle (água destilada), mostrou grande potencial bactericida contra os dois tipos de bactérias. A noticia surpreendente é que, em presença de sangue, a prata que não foi encapsulada, perdeu praticamente toda sua capacidade bactericida, onde as nanopartículas encapsuladas em PVP (mais eficaz) e citrato (um pouco menos eficaz) se mostraram ainda muito eficazes.
A explicação para essa diferença é que a encapsulação altera a química da superfície das nanopartículas, e assim ela impede a aderência de proteínas na superfície das partículas. A diferença em eficácia do PVP contra o citrato se dá em função da capacidade de inibir a aderência das proteínas. As proteínas formam uma camada em volta à partícula, que impede o lançamento de íons de prata às bactérias, causa principal da morte delas. Ou seja, mudando a superfície das nanopartículas, a sua eficácia dentro do sistema sanguíneo pode ser melhorado.
———-
“Interaction of Silver Nanoparticles with Serum Proteins Affects Their Antimicrobial Activity In Vivo”, Divya Prakash Gnanadhas, Midhun Ben Thomas, Rony Thomas, Ashok M. Raichur, Dipshikha Chakravortty – AAC Jornals A.S.M. October 2013, Volume 57, Number 10.