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A (suposta) toxicidade da prata coloidal

A suposta toxicidade da prata coloidal é um assunto que divide o mundo médico. A US Food & Drugs Administration e a Mayo Clinic são referências importantes que se posicionam contra usa da prata. De outro lado, no pais a prata coloidal é liberada para muitos tipos de uso, inclusive filtros de água. No Brasil, a ANVISA apenas copia os relatórios dos Estados Unidos e da Austrália para avisar dos perigos da prata coloidal, mas não cita pesquisas próprias ou casos reais no Brasil.

As condições mais citadas são a argíria, a descoloração da pele, e a argirose, a descoloração do olho. Geralmente, as condições em qual a prata coloidal foi ingerida ou aplicada, o tipo de prata coloidal e a dosagem, são desconhecidos ou não relatados. A americana Rosemary Jacobs é um caso conhecido de uma mulher que tomou gotas para o nariz congestionado, com 11 anos, e desenvolveu argíria. Na própria historia, porém, ela não fala o que exatamente tomou, quanto e por quanto tempo. A argíria não é considerada doença e não parece influenciar a saúde ou expectativa de vida. Não existem processos conhecidos para reverter a descoloração.

Considerando o baixo numero de casos relatados mundialmente, deve ser considerada uma condição bastante rara. Mesmo assim, o desconforto de ter a pele acinzentada deve ser grande. Geralmente, a argíria é relacionada à ingestão ou aplicação de altas doses de prata durante períodos extensos. A argíria é causada pelo deposito de sais de prata insolúveis na pele, geralmente na forma de sulfeto de prata. O metabolismo especifico é desconhecido, e não existem provas que prata iônica seria mais propensa a causar argíria do que a nano prata.

A inglesa Rosemary Jacobs (foto com 36 anos), hoje com 75 anos, sofre de argíria, a descoloração da pele.

Primeiro de tudo, precisamos entender que a prata deve ser considerado xenobiótico, ou estranho ao corpo. O corpo não precisa de prata para seu funcionamento, e por isso seria errado vender a prata coloidal como suplemento dietário. E é engraçado que é exatamente assim que a venda é permitida nos EUA e no Brasil. A prata é um potente antibiótico, e deveria ser tratado assim, não como suplemento diário ou vitamina.

No caso de uso tópico as pesquisas mostram que pouca prata é absorvida nas camadas mais profundas da pele, não apresentando risco de ser absorvida pelo metabolismo. No caso da ingestão via oral ou via inalação de prata iônica, somente uma pequena parte da prata fica disponível para eliminação de microrganismos, porque ela é metabolizada rapidamente por proteínas como, por exemplo, metalotioneínas. A nano prata tem mais eficácia para entrar no sistema sanguíneo, onde continua soltando íons de prata. A maior parte da prata ingerida, entretanto, é excretada através das fezes e da urina, e uma pequena parte é depositada no rim, no fígado, na pele e no cérebro, entre outros.
Estudos mostram, porém, que a prata deve ser considerada de muita baixa toxicidade, com pouco risco de acumulação. Prata também é considerada não carcinogênica. Os únicos riscos são associados ao uso em grandes dosagens por muito tempo, resultando em stress dos órgãos envolvidos na limpeza do organismo, como rins e fígado. Este stress se manifesta na forma do chamado efeito Jarisch-Herxheimer, que pode causar dores de cabeça, febre e intestino solto.

Usando a prata coloidal via oral, é importante maneirar na dosagem, e deixar intervalos de algumas semanas para o corpo se recuperar.

Referencias: “A Pharmacological and Toxicological Profile of Silver as an Antimicrobial Agent in Medical Devices” – Alan B. G. Lansdown, Advances in Pharmacological Sciences Volume 2010, Article ID 910686, July 2010. Provided under the Creative Commons Attribution License.

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